quarta-feira, 4 de abril de 2012

Uma pequena pitada de sal

     Dois anos que se passaram em 2 dias. Lembro como se fosse uma filme que estivesse passando aqui na minha frente, agora. Começamos escondidos, uma noite na taberna real, você usou a desculpa que tinha bebido muito vinho, mas eu gostei muito.
     Um mês depois, lá estava eu, de frente com a rainha e o rei, pedindo a mão da princesa em namoro. Eu tinha a impressão de que a rainha era uma bruxa má, mas todo esse conceito se desfez a minha volta, evaporou. A mulher me provou que era o sonho de qualquer genro, me convidava para as festas da corte e da família real, me apresentando a todos os conhecidos do reino.
     Aquele foi um ano ótimo. Em pleno inverno, eu sempre chegava dos treinos de guerra muito tarde, porém, mesmo sempre cansado e machucado, atravessava a floresta, descia as campinas baixas para chegar ao castelo, e te abraçar, te beijar...
     Hoje, depois de toda dor e tortura sofrida nos campos de batalha, vendo companheiros mortos e sentindo todos os tipos de dores inimagináveis, ainda consigo me lembrar de seu rosto claramente, do toque das suas mãos, do perfume do seu cabelo, se aproximando lenta e suavemente de mim...
     As vezes, em meio a planos e planos de batalha tramados entre os capitães, no meio de palavras como "lança", "cavalos", "espadas", "adagas", "tocaias", "pântanos", e todo tipo de parafernalha de guerra, fico perdido em meio a pensamentos, imaginando onde você poderia estar naquele exato momento, e fico em dúvidas, depois de tanto tempo separados, se ainda existe algo entre nós.
     Mas eu lhe prometo, não sei se você chegou a ler as outras cartas que lhe escrevi, mas até o próximo inverno a promessa dos generais é que a guerra finalmente abrande, e teremos tempo para ficar juntos. Rezo por isso todos os dias, porque o inverno é duro por esses lados, e o melhor lugar para se passar um tempo desses é ao seu lado, junto a cobertores de lã, e um belo odre de vinho.
     Espero que esteja pensando em mim, pois penso em você todos os dias. Cada inimigo em que passo a espada penso que é mais um passo para o fim dessa maldita guerra, que nunca parece ter fim, mas quando voltar, espero ter meu espaço em sua vida ainda vazio, para enfim completá-lo.

Abraços e carinhos,
R.T. Ross